O Centro de Acolhimento Ezequias Rocha Rego (CAERR), uma iniciativa do Grupo Gay de Alagoas (GGAL), foi inaugurado no dia 5 de janeiro deste ano e se tornou a primeira casa de acolhimento à comunidade LGBTQIA+ no estado.
Com auxílio psicológico e assessoria jurídica, o CAERR busca ajudar vítimas de violência e oferecer serviços como médico, cursos, aulas de línguas, reforço escolar, cursos preparatórios para concursos, dentre outros.
Atendimento multidisciplinar
Ao CadaMinuto, a psicóloga Ana Luiza Cabral explicou que o atendimento psicológico do Centro conta com 12 voluntários e que ela é a responsável pelo atendimento inicial, para fazer os encaminhamentos adequados a cada caso.
Devido à pandemia, a triagem e as consultas estão acontecendo de maneira virtual, para não expor profissionais e pacientes ao vírus. Inicialmente, é realizada uma triagem, em que são identificadas as necessidades de quem procurou o atendimento, bem como dados importantes para o atendimento, como a idade.
Em seguida, é feito o encaminhamento ao membro da equipe mais adequado ao perfil do paciente, como psicólogo, psiquiatra ou médico, e as sessões têm prosseguimento. Caso necessário, também são disponibilizados cursos, reforço escolar e assessoria jurídica, a depender de cada caso.
“Não atendemos apenas vítimas de violência. Independente do que a pessoa tenha, independente da vivência da pessoa, todo mundo que deseja ser atendido, pode nos procurar”, reforçou.
Os motivos que levam os pacientes a procurar atendimento psicológico são diversos. “Há, por exemplo, pessoas que estão sofrendo porque as famílias ainda não aceitaram ou porque elas mesmas ainda não aceitaram a própria sexualidade”, disse a psicóloga.
Ana Luiza explica que estes aspectos geram muito sofrimento, porque podem dar a impressão de que é necessário se esconder a fim de sobreviver. “Às vezes são pessoas que se sentem ameaçadas por um familiar e vão morar com outras pessoas, em outros lugares”, disse.
Acolhimento e saúde mental
Para Juliana (nome fictício para preservar a identidade da entrevistada), de 24 anos, os principais fatores que contribuem para o abandono de pessoas LGBTQIA+ são a falta de apoio e compreensão por parte dos familiares.
“Uma hora não se consegue mais fingir ser outra pessoa, e é difícil para a família entender que não se trata de uma escolha: já se nasce LGBT”, afirmou.
Ela é uma das pessoas que procuraram a equipe multidisciplinar do Centro para receber assistência social. Lá, Juliana encontrou a oportunidade de ter um acompanhamento psicológico, importante passo no processo de ressocialização.
“Quando ouvi falar no CAERR, pensei: finalmente! Nós sofremos diariamente nos espaços que ocupamos e o atendimento psicológico ajuda com que a gente aprenda a lidar melhor conosco e com os outros”, declarou.
Juliana relata que a possibilidade de ser acolhida em um “lugar de segurança”, onde todos podem ser livres, é capaz de mudar todas as perspectivas dos LGBTQIA+ que se encontram submetidos a privações e sofrendo violência moral, emocional e física.
“Agora, através do CAERR, essas pessoas poderão ter atendimentos psicológicos, médicos, auxílio social e moradia temporária, se necessário. Só quem já sofreu na pele consegue entender a importância deste Centro”, destacou.
Fonte: (CADAMINUTO)
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