O que você pensa quando escuta a palavra “drag queen”? Homens vestidos com roupas exóticas e maquiagem carregada? Performances artísticas com perucas volumosas? Pablo Vittar? Glória Groove? Todas essas referências ao mundo drag permeiam a temática da diversidade sexual do movimento LGBTQIA+.
No Maranhão, as drag queens vem ganhando cada vez mais espaço e se destacando em diferentes áreas. Como é o caso de um dos pioneiros dessa arte no estado, o artista Carlos Antonio Dominici, de 31 anos, mais conhecido como Dominica, que entrou para a arte há 14 anos.
“Minha história como drag começa no ensino médio, no teatro da escola, onde eu e meus amigos atuamos na peça baseada em 'Uma Linda Quase Mulher', onde todas nós estávamos montadas de drag queen. Eu não conhecia esse mundo, mas me achei muito bonita montada’’, conta Dominica.
Carlos Antônio revela que desde criança tinha o sonho de ser artista e Dominica trouxe isso de forma mais concreta, pois, segundo ele, sem a personagem, se considera uma pessoa comum. Carlos ainda lembra como foi a reação da família, ao descobrir que ele se montava como drag queen.
“Minha mãe sempre foi muito cabeça aberta, me deu orientações, tinha medo de eu receber retaliações. Ao contrário de outros comentários ofensivos, ela sempre me abraçou e teve orgulho de mim, já o meu pai não teve tempo de conhecer a drag, pois morreu anos antes’’ relembra.
Ao passar dos anos, outras drags foram surgindo no meio artístico maranhense. Outra que se destaca é a Frimes, criada pelo Rafael Paes, de 27 anos. Em conversa com o G1, Frimes revela que demorou para se imaginar como drag. Durante uma passagem pelo curso de teatro da UFMA, fez aulas de maquiagem, mas o que a inspirou de verdade foi assistir ao programa Rupaul´s Drag Race.
“A Frimes nasceu no período mais obscuro da minha vida, me curando quase que totalmente da depressão. Assisti todas as temporadas disponíveis, fiquei consumindo tutoriais de maquiagem on-line e fiz muitas amizades com drags que também estavam começando na época’’, diz Frimes sobre o começo.
Ainda segundo Frimes, são inúmeras dificuldades que as drag queens encontram pelo caminho. Para ela, além de todo o preconceito, a dificuldade financeira acaba afetando no desenvolvimento da arte.
“Perucas, unhas, cílios, maquiagem, roupas, sapatos... É basicamente cuidar de uma outra pessoa em tempo real, o custo disso é muito alto. Ainda mais quando não se tem necessariamente uma renda fixa para todo esse investimento'', afirma.
A drag maranhense conta que não houve resistência por parte de sua mãe ao descobrir sobre sua personagem.
“Me assumi gay e drag para minha mãe em momentos diferentes. Mas ainda sim, não foi algo que ela repreendeu. Acho que ela só entendeu de fato o que eu estava fazendo quando foi assistir a estreia do meu primeiro vídeo clipe’’, relembra.
No mundo do entretenimento, a drag queen Dalillah, interpretada pelo estudante de design Haide Sousa, afirma que o medo caminha lado a lado da cultura drag. Assédios em festa, voltar sozinho para casa e problemas contratuais são alguns dos empecilhos que dificultam à inserção da arte no mercado.
''No começo eu me montava uma vez por mês ou a cada dois meses, um tempo depois, comecei a fazer mais profissionalmente, tocar em festas e presença em eventos, foi quando percebi outros problemas que circundam esse meio, como por exemplo, gastar com produção e ganhar pouco em troca'', conta.
Haide ainda relembra o seu primeiro contato com o mundo das drag quens. Ele conta que sua primeira montagem foi dentro da universidade, para um vídeo do curso, mas até aquele momento, ele nunca tinha pesquisado nada referente ao tema.
"Na minha primeira montação, eu não fiz maquiagem e cabelo, mas gostei muito da sensação de liberdade que aquilo me propôs e a partir disso, comecei a pesquisar e produzir roupas, comprar perucas e fui descobrindo a Dalilah, que nasceu dentro do curso, de forma amadora, mas muito especial'', lembra.
Fonte: (G1)
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